Aula aberta sobre Teatro Decolonial

O encontro acontece às 17h, com transmissão pelo YouTube da instituição. A aula aberta ”Navegações Estéticas – Teatro Decolonial” será ministrada pela professora colombiana Maria Fernanda Sarmiento




Cultura, Teatro

A primeira aula aberta do Percurso de Teatro 2021 já tem data marcada. O encontro acontece na sexta-feira, dia 6 de agosto, a partir das 17h, com transmissão pelo YouTube, integrando a programação do aniversário de 8 anos da Escola Porto Iracema das Artes. Na ocasião, a professora doutora em Artes Cênicas, Maria Fernanda Sarmiento, discute o conceito de Teatro Decolonial.

Existe um teatro decolonial? O que poderia ser considerado como teatro decolonial? Essas são as questões que guiarão o primeiro módulo da formação. As respostas só serão dadas a partir do exercício teatral. A proposta é mostrar o teatro praticado numa amplitude que permita explorar outras relações além da organização clássica de atriz/ator (atives) espectadora/espectador (passives) e também a partir de outras lógicas não aristotélicas, onde não é necessário ter protagonista/antagonista, conflito, desenvolvimento, final, etc.

A rua será o principal local de reflexão da prática assim como outras formas de teatro que desierarquizam esta arte. Este espaço também servirá como cenário que apresenta as teatralidades que nossas sociedades carregam e com as quais podemos brincar, criar, questionar e, porque não, transformar, interferir, afetar.

Sentirpensar como ferramenta para o Teatro

“Navegações Estéticas” com a colombiana Maria Fernanda Sarmiento é o primeiro módulo do percurso de Teatro. “A expectativa é que a gente possa Sentirpensar, um conceito de um sociólogo colombiano, muito importante para nós. Procuro que a gente não tenha só uma experiência de reflexão, mas que a experiência passe pelo corpo da pessoa participante do curso’’, comenta Fernanda.

A ideia, segundo a professora, é que, mesmo à distância, o percurso seja uma experiência somática e reflexiva — conceitos que ela não pretende separar. Nesse módulo, o público vai estudar os fenômenos da colonialidade no poder, no saber, do ser e do gênero. “Depois, ou ao mesmo tempo, pretendo ter momentos criativos com as pessoas, onde elas possam entrar em seus interiores, em suas subjetividades, e ver se essas violências têm transitado nelas e se podem se manifestar através de imagens simbólicas, estéticas, etc’’, complementa Sarmiento.

A coordenadora do Curso Básico de Artes Cênicas da Porto Iracema, Maíra Abreu, que assumiu o cargo há pouco tempo, compartilha suas expectativas para esta edição. “Acredito que o percurso tem um desenho, mas que serão os encontros – mesmo que virtuais -, as discussões, histórias a serem contadas que farão ele ganhar vida e sair caminhando por aí. As pessoas que atravessarem os módulos é que darão cor, ritmo, sensações e sabor ao percurso partindo de narrativas coletivas’’, comenta.

Todo o percurso de Teatro tem uma perspectiva decolonial, que amplia referências culturais, artísticas e conceituais brasileiras e latino-americanas como Teatro Experimental do Negro, Teatro do Oprimido e o Teatro Popular. Trazer essa temática logo na primeira aula é entender que as artes cênicas, nas palavras de Maíra Abreu, devem cumprir um papel de “desconstrução de um modelo artístico narcisista e eurocêntrico, pluralizando as nossas referências artísticas, abandonando o modelo individualista de formação cênica’’. “O Navegações Estéticas vem inicialmente nos perguntar sobre a existência de um teatro decolonial para em seguida ampliar e explorar nossa relação com a organização clássica de teatro’’, conclui a coordenadora.