‘Bem-Vinda a Quixeramobim’ é uma homenagem divertida à cultura cearense

Filme estreia próxima quinta-feira (13), e o Foobá já assistiu.
O novo filme de Halder Gomes — diretor cearense que esteve a frente de projetos como Cine Holiúdy e O Shaolin do Sertão —, Bem-Vinda a Quixeramobim, é o puro suco dos estereótipos da comédia nacional e do cearense.




Cinema, Cultura

O novo filme de Halder Gomes — diretor cearense que esteve a frente de projetos como Cine Holiúdy e O Shaolin do Sertão —, Bem-Vinda a Quixeramobim, é o puro suco dos estereótipos da comédia nacional e do cearense. No bom sentido, claro. Calma, vou explicar.

Na trama, Aimée (Monique Alfradique) é uma influencer que vê sua vida virar do avesso após seu pai ser preso e todos os bens da família serem congelados. Agora, sua única alternativa de obter dinheiro é vendendo uma propriedade de sua falecida mãe — de antes do casamento, portanto não bloqueada. Acontece que a propriedade fica em Quixeramobim, interior do Ceará, um local com um padrão de vida extremamente diferente do qual ela está habituada.

É a partir daí que ela começa sua jornada para esse mundo desconhecido. Jornada essa que vai gerar muitas — mas muitas mesmo! — gargalhadas em quem estiver assistindo ao filme. Produções cinematográficas que tiram personagens de sua zona de conforto por meio de um conflito e os colocam em um local totalmente desconhecido estão cada vez mais comuns. Ficar off-line se mostra uma tortura — a arte imida a vida, não é mesmo? —, e resta ao personagem a adaptação à nova vida.

Bem-Vinda a Quixeramobim bebe dessa fonte, mas aproxima especificamente aqueles que moram ou já moraram ou já visitaram alguém no interior do Ceará — ou, aumentando a zona de alcance, do Nordeste. Como uma pessoa que saiu do centro de São Paulo para o interior do Ceará, me identifiquei com o estranhamento perfeita e comicamente transmitido na tela pela carioca Monique Alfradique; estranhamento que vai passando no decorrer da jornada da protagonista, que em certo momento já está falando com sotaque e as gírias locais que só os cearenses vão entender — qualquer semelhança com este que vos fala talvez não seja uma mera coincidência.

O restante do elenco está muito bem, com uma menção honrosa aqui para Chandelly Braz como Shirleyanny e também para o caririense Max Petterson no papel super estereotipado do gay afeminado do interior, que roubam a cena quando aparecem. O filme também conta com Edmilson Filho, Falcão, Luís Miranda, Valéria Vitoriano, entre outros conhecidos atores nacionais, grande parte deles nordestinos.

Além do humor físico derivado das situações inusitadas protagonizadas por Aimée na tentativa de sobreviver em um novo mundo com bem menos regalias, quem for assistir ao longa, vai se deparar com um humor com muito palavrão, além de palavras e gírias de cunho sexual, sendo algumas especificamente cearenses que só quem é daqui ou mora aqui vai pegar a referência. Isso pode incomodar algumas pessoas, outras nem tanto, mas as comédias nacionais já ganharam esse estereótipo, certo?

Então claramente Halder Gomes — que além de dirigir o longa, assina também o roteiro — não liga para isso e faz essa homenagem à cultura cearense (e nordestina) com esse filme que entrega o que se propõe: fazer o público dar boas risadas na sala de cinema.

Bem-Vinda a Quixeramobim já teve pré-estreia no 24º Festival de Cinema Brasileiro em Paris, em abril, e também no Cineteatro São Luiz, na última terça-feira (4), em Fortaleza, e estreia nos cinemas nacionais na próxima quinta-feira (13).