Museu da Fotografia Fortaleza recebe exposição de Boris Kossoy

A mostra “Estranhamento – fotografias de Boris Kossoy” foi montada especialmente para o espaço e traz a Fortaleza imagens inéditas do artista




Artes Visuais, Cultura

A partir de 20 de agosto, os visitantes do Museu da Fotografia Fortaleza terão a oportunidade de realizar um mergulho profundo na arte e na trajetória de Boris Kossoy, grande fotógrafo e um dos mais importantes pesquisadores no estudo da fotografia do Brasil. A abertura de “Estranhamento – Fotografias de Boris Kossoy”, que ocupa o segundo andar do MFF pelos próximos três meses, será dia 20 de agosto (sábado), a partir das 10h, com a presença do artista. Na programação, estão previstas uma visita guiada, roda de conversa e sessão de autógrafos com o fotógrafo e o curador da exposição, Diógenes Moura.

“Estranhamento – Fotografias de Boris Kossoy” é uma exposição robusta, como o próprio Kossoy prefere, capaz de comportar sua pluralidade e o processo criativo de uma fotografia de descobertas, que também é literatura e cinema. São 92 obras, algumas inéditas, fruto de um minucioso trabalho de edição e alinhamento entre o artista e Diógenes Moura, que assina a curadoria. Como resultado, imagens silenciosas de uma vida inteira captadas pela câmera fotográfica, o “olho de vidro” que amplia a imagem e cria cenas magistrais.

Boris Kossoy tem uma produção significativa, de assinatura inconfundível e interligada nas suas múltiplas atividades. Além de fotógrafo renomado e teórico dos mais respeitados, é arquiteto, historiador e professor. “Nunca é só uma imagem. Suas fotos são um reflexo do que ele é, de todo o repertório desse homem inteligente e com uma visão de mundo muito peculiar. Tudo o que Boris produz, tudo o que fala, fotografa ou escreve, são reflexões dele. O resultado de suas palavras é a imagem e a continuação dessa imagem é a palavra impressa. Então, é sempre uma coisa por dentro da outra”, enfatiza Diógenes Moura.

A mostra no MFF, não por acaso, coincide com os 50 anos de publicação de “Viagem pelo Fantástico”, primeiro livro de Boris Kossoy, um dos precursores na América Latina do que, hoje, chamam de “fotolivros” e também uma referência do Realismo Fantástico. A obra explora aspectos estéticos e montagem cinematográfica para compor uma narrativa conflituosa entre personagens, cenários, ações e contextos. Vinte fotos dessa do livro estarão na exposição “Estranhamento – Fotografias de Boris Kossoy”, que também traz imagens da série “Cartões Anti-Postais”, retratos de uma realidade de Brasil não ideal, em contraponto à beleza ufanista propagada pelo Governo Militar e fotos mais recentes, produzidas já na pandemia, na sua casa.

A pandemia também aparece de forma premonitória, com Doutor Peste, foto que abre exposição e feita dois anos antes da chegada do coronavírus. No realismo fantástico de Kossoy, a imagem forte do homem com máscara semelhante às utilizadas na Idade Média, como proteção contra as pestes.

A exposição “Estranhamento – Fotografias de Boris Kossoy” coloca o Museu da Fotografia Fortaleza entre grandes galerias como Museum of Modern Art (NY), Bibliothèque Nationale (Paris), Centro de la Imagen (México DF), Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, entre outras instituições que têm obras de Boris Kossoy em suas coleções permanentes. Ainda sobre reconhecimento internacional, o fotógrafo recebeu, em 1984, a condecoração Chevalier de l’ Ordre des Arts et des Lettres do Ministério da Cultura e da Comunicação da França, pelo conjunto de sua obra.

Para Boris Kossoy, expor no MFF é uma oportunidade de estar próximo do público do Nordeste e de celebrar a valorização da fotografia no cenário artístico. “Eu estou muito feliz com essa ida a Fortaleza, em sair um pouco do circuito aqui do Sudeste e levar nosso trabalho para um novo eixo cultural. E sobre o fato de ser no Museu da Fotografia também me agrada muito porque me lembra de quando fui diretor do MIS em São Paulo e iniciei um trabalho de valorização da fotografia que, na época, não tinha tanta representatividade e era olhada meio de lado pelos equipamentos culturais. Hoje, temos um museu inteiramente dedicado à fotografia, é uma conquista”, avalia.

Via Assessoria de Comunicação